quinta-feira, 10 de junho de 2010

Curva de Phillips


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Curva de Phillips - NAIRU a longo e curto prazoEm macroeconomia, a curva de Phillips é um trade-off entre inflação e desemprego, que permite analisar a relação entre ambos, no curto prazo. Segundo esta teoria, desenvolvida pelo economista neozelandês Willian Phillips, quanto mais alta a taxa de desemprego, menor a de inflação, ou seja, menos desemprego pode ser alcançado obtendo-se mais inflação, e vice-versa. Essa relação, entretanto, não é válida no longo prazo, porque não há nenhuma troca significante entre inflação e desemprego, uma vez que a taxa de desemprego é basicamente independente da taxa de inflação conforme outras variáveis vão se alterando.


Baseando-se em dados da economia do Reino Unido no período de 1957 a 1961, Phillips mostrou haver uma correlação negativa entre a inflação e o desemprego. Poucos anos depois, outros dois cientistas, Paul Samuelson e Robert Solow, confirmaram a descoberta ao utilizarem dados da economia dos Estados Unidos da América e resolveram batizar o modelo como curva de Phillips. Nos anos 70, a relação prevista pela curva de Phillips original deixou de ser verificada de forma empírica, pois as grandes economias experimentaram altas taxas de inflação e de desemprego simultaneamente. Quando o período de crise foi superado, a correlação mais evidente passou a ser entre a taxa de desemprego e a variação da taxa de inflação, o que abriu caminho para reformas na proposição original. Milton Friedman e Edmund Phelps foram dois economistas que se dedicaram a estudar a relação proposta por Phillips. A versão Friedman-Phelps da curva de Phillips, conhecida também por curva de Phillips aceleracionista, acrescenta à equação original a análise das expectativas. Utilizando o método das expectativas adaptativas ela indica que, para que se mantenha a taxa de desemprego a níveis inferiores ao da taxa de desemprego natural, o que importa não é a taxa de inflação, mas sim sua variação, necessitando-se assim de taxas de inflação cada vez maiores para manter as taxas de desemprego abaixo da taxa natural.


Assim, pode-se comprovar mais consistentemente, que a relação inversa entre a inflação e o desemprego se dá quando a inflação observada está acima das expectativas, e que, de fato, isso se dará somente no curto prazo, já que no longo prazo a inflação observada tornar-se-á igual à esperada, quando então não será verificada nenhuma relação entre a inflação e o desemprego.


[editar] A equação matemática

A partir da relação existente entre o nível de preços, o nível de preços antecipado e a taxa de desemprego:

P = f(Pe, u)

Onde:

P = nível de preços

Pe = nível de preços antecipados

u = taxa de desemprego

Pode-se deduzir uma nova função relacionando a taxa de inflação, a taxa de inflação antecipada e a taxa de desemprego, na forma:

p = f(pe, u)

Onde:

p = taxa de inflação

pe = taxa de inflação antecipada

u = taxa de desemprego

Assim, a taxa de inflação tenderá a variar positivamente com a inflação antecipada e negativamente com a taxa de desemprego. É válido lembrar que existem coeficientes que dão maior ou menor peso a esses fatores determinantes da taxa de inflação.

[editar] A curva de Phillips original

Embora não ocorra em tempos atuais, a inflação média nos períodos pesquisados por Phillips e depois por Paul Samuelson e Robert Solow tendia para zero. Com uma inflação média tendendo a zero em períodos passados, levantou-se a hipótese de que a taxa de inflação esperada também seria zero, de forma que a relação descrita acima passaria a ser p = f(u) (taxa de inflação apenas em função da taxa de desemprego). Com isso, pode-se dizer que essa primeira versão da curva de Phillips desconsiderou a existência de um eventual espiral de salários e preços, períodos em que elevações no salário nominal provocam elevações no nível geral de preços, e vice versa.

[editar] A curva de Phillips com expectativas

Como nos referimos no tópico da equação matemática, existem coeficientes ou multiplicadores que tornam os fatores determinantes da taxa de inflação com maior ou menor peso. Vamos supor que para a formação das expectativas a inflação esperada pe seja dada por: pe(t) = v . p(t-1)

Observe a inflação esperada do período t é uma função da inflação do período t + 1, multiplicada pelo coeficiente v. Afirma-se que v tendia a zero antes da década de 70 e que passou a tender a 1 após esse período.

Note que substituindo v = 0 na função p = f(pe, u) teremos p = f(u), ou seja, a curva de Phillips original onde a inflação é função do desemprego.

Substituindo v = 1 na mesma função teremos p = f(p(t-1), u), onde a taxa de inflação é uma função da taxa de inflação do período anterior e da taxa de desemprego.

Por fim, apresentamos a função da curva de Phillips como sendo p(t) = pe(t) + (m + z) - wu(t), de forma que m (markup das empresas) e z (outros fatores que afetem a fixação de salários) são coeficientes lineares que representam elementos estruturais da economia e w é o multiplicador do desemprego.

Substituindo pe(t) = p(t-1), temos que p(t) = p(t-1) + (m + z) - wu(t) ou ainda p(t) - p(t-1) = (m + z) - wu(t).
Metodologias de apuração das taxas de desemprego no Brasil: IBGE e Fundação SEADE


http://www.fea.usp.br/publicacoes/controversa/0018-5.html

Após a estabilização dos níveis de preços na economia, a atenção volta-se para a análise do comportamento do mercado de trabalho. Como fenômeno mundial, em maior ou menor intensidade, o desemprego é visto tanto quanto um problema (macro) econômico quanto uma questão social. Seja estabelecendo políticas de combate ao desemprego, de estímulo à produção ou de seguridade social, mais e mais o desemprego tornou-se assunto principal nas discussões entre os países, estando lado a lado com temas de igual ou maior importância, como a administração do déficit pública ou alternativa para o desenvolvimento da economia.

Ao final do ano passado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou o informativo "O emprego no mundo 1998-99", no qual destacava que:

• cerca de 1 bilhão de trabalhadores - aproximadamente um terço da população ativa do mundo - estão desempregados ou subempregados (o indivíduo é subempregado quando sua jornada de trabalho é substancialmente menor que uma jornada completa que desejaria realizar ou seu salário é inferior ao que necessitaria para viver);

• desses 1 bilhão de trabalhadores, uns 150 milhões encontram-se de fato desempregados, buscando trabalho ou em disposição para trabalhar. Pelo simples efeito da crise financeira mundial, em 98 o total de desempregados sofreu um incremento de 10 milhões de trabalhadores;

• entre 25 e 30% dos trabalhadores do mundo - quer dizer, algo entre 750 e 900 milhões de pessoas - estão subempregados;

• estima-se em 60 milhões o número de jovens de idades compreendidas entre 15 e 24 anos que buscam trabalho e não o encontram;

• por fim, o quadro geral de desemprego e subemprego que se mostrou no informativo de 1998-99 contrasta em muito com a evolução prevista desde a publicação em 1996 do informativo anterior sobre o emprego no mundo, no qual a OIT acenava com certos aspectos otimistas que antecipariam uma recuperação econômica, com a conseqüente redução do desemprego e do subemprego em todo o mundo, o que acabou por não se concretizar.

Em relação ao Brasil, a Fundação SEADE produziu o informativo "Análise Anual 98 - Pesquisa de Emprego e Desemprego", o qual mostrava que:

• a taxa anual média de desemprego total da Região Metropolitana de São Paulo aumentou, entre 1997 e 1998, de 16% para 18,3% da população economicamente ativa (PEA), enquanto que no IBGE a taxa variou de 7,15% para 9,41%;

• o número estimado de desempregados na Grande São Paulo atingiu 1.594.000, tendo sido incorporadas 219.000 pessoas à situação de desemprego;

• por nível de instrução, verificou-se, entre 1997 e 1998, o crescimento da taxa de desemprego anual média para os indivíduos de todos os níveis de escolaridade.

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME)

A PME, realizada desde 1980, insere-se no primeiro dos programas recomendados internacionalmente, sendo uma pesquisa domiciliar de periodicidade mensal. As informações necessárias à geração das estatísticas desejadas são obtidas de uma amostra probabilística de aproximadamente 36.000 domicílios situados nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Porto Alegre, de Belo Horizonte, do Recife e de Salvador, cobrindo cerca de um terço da população urbana do país.

A PME investiga a PIA (população em idade ativa) a partir dos 10 anos, porém as taxas divulgadas referem-se à população de 15 anos e mais. Assim, a PIA compreende a população economicamente ativa (PEA) e a não-economicamente ativa (ou inativos).

No que se refere à PEA, o IBGE considera-a como parcela da PIA que exerce qualquer tipo de trabalho remunerado ou não remunerado (atividades beneficentes, estagiários, trabalho familiar), desde que, neste último caso, a jornada semanal de trabalho seja superior a 15 horas. Além dessas especificações, fazem parte da PEA as pessoas que, não possuindo qualquer trabalho, tenham procurado algum durante os últimos 7 dias anteriores à semana de referência (isto é, a semana de domingo a sábado, que precede a semana estabelecida para a realização da entrevista). A partir daqui, quando for citado 'últimos 7 dias', entende-se como o período anterior à semana de referência.

Uma pessoa faz parte da população desempregada (ou desocupada, segundo o IBGE) desde que, como integrante da PEA, não possua nenhuma ocupação na semana de referência, e que tenha 'pressionado' o mercado de trabalho através da procura efetiva nos últimos 7 dias. Captando apenas o desemprego aberto (aberto refere-se à toda disponibilidade de mão-de-obra, quer no mercado formal ou no informal), a PME classifica como desempregado a pessoa que apresenta tal situação, e que tenha 15 anos ou mais.

A população ocupada compreende as pessoas que exercem qualquer trabalho remunerado, independentemente da procura, regularidade, intensidade e excepcionalidade do trabalho. Além dos indivíduos empregados (com ou sem carteira assinada), inclui também os que exploram seu próprio negócio (conta própria ou empregados), os que exercem trabalho não remunerado, pelo menos 15 horas por semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em seu negócio, em entidades beneficentes, etc., e aqueles que tinham trabalho, mas não trabalharam por um motivo específico (férias, licença, falta involuntária ao trabalho, greve, doença, más condições de tempo ou outro impedimento temporário independente de sua vontade, tal como quebra de máquina, limitação de produção, etc.). A partir daqui pode-se definir a taxa de desemprego aberto como o percentual da população desocupada em relação à população economicamente ativa (igual a pessoas ocupadas mais as desocupadas).

Tendo já especificado as pessoas ocupadas e desocupadas, o IBGE define como população inativa (ou não economicamente ativa) as pessoas não classificadas como tais, ou seja, menores de 15 anos, além da parcela da PIA que não tem e não procurou trabalho nos últimos 7 dias. São também considerados inativos os que realizaram trabalho não remunerado, com jornada inferior a 15 horas semanais.

Em resumo, a PME adota períodos de referência de 7 e 30 dias para mensuração do desemprego (embora não utilize o último período para o cálculo do desemprego aberto) e a idade de 15 anos corresponde ao corte inferior para a definição da PIA. A procura de trabalho em 30 dias, quando não realizada nos 7 dias anteriores à entrevista, deve ter sido efetuada de maneira contínua, não podendo ter sofrido interrupção durante duas semanas consecutivas ou ter sido acompanhada do exercício de qualquer tipo de trabalho.

De fato, basta que a interrupção tenha ocorrido nas duas últimas semanas anteriores à entrevista para que a pessoa seja classificada como inativa. Como a diferença entre os indicadores de desemprego para sete e trinta dias decorre de um conjunto de pessoas que não realizaram procura em sete dias, basta que não tenha havido a procura na segunda semana anterior à entrevista - isto é, entre oito e quinze dias - para que a condição de desemprego seja desqualificada, mesmo que a pessoa tenha buscado intensivamente um trabalho entre o décimo sexto e o trigésimo dia.

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED)

A PED, realizada desde 1985, é um levantamento domiciliar contínuo, em convênio entre a Fundação SEADE e o DIEESE, realizado nas regiões metropolitanas de São Paulo, do Distrito Federal, de Porto Alegre, de Curitiba, de Salvador, do Recife, de Belém e de Belo Horizonte, envolvendo cerca de 2.500 domicílios em cada uma.

Para classificar a população em idade ativa (PIA) segundo sua inserção no mercado de trabalho, a PED utiliza os seguintes parâmetros:

• procura efetiva de trabalho (o indivíduo deve ter tomado alguma providência, no prazo de 30 dias anteriores à entrevista, para conseguir um trabalho);

• disponibilidade para trabalhar com procura em até doze meses (neste caso, o indivíduo não procurou trabalho nos 30 dias anteriores à entrevista - procura efetiva - devido aos desestímulos do mercado ou por motivos circunstanciais de doenças, problemas familiares ou falta de dinheiro para cobrir as despesas necessárias à procura. No entanto, apresenta procura ativa nos últimos 12 meses e, no momento da entrevista, manifesta sua necessidade e disponibilidade atual para trabalhar);

• situação de trabalho (definida como sendo a situação em que o indivíduo tem um trabalho remunerado ou não remunerado num determinado período de referência, excetuando o trabalho excepcional, isto é, aquele realizado em caráter ocasional, remunerado ou não, quando suas atividades prioritárias não estão sendo realizadas);

• tipo de trabalho exercido (irregular, como o de auto-ocupação não remunerado ou remunerado instável referindo-se, respectivamente, ao trabalho familiar sem remuneração e aos trabalhos sem garantia de continuação; ou regular, compreendendo o trabalho assalariado e as atividades estáveis de auto-ocupação, com garantia de continuidade do trabalho);

• por último, necessidade de mudança de trabalho (definida pela combinação da procura para substituir o atual trabalho irregular, tanto por um emprego assalariado, quanto por outro ofício ou ocupação).

A PED considera a PIA formada por pessoas de 10 anos ou mais. Em relação à PEA, tal é conceituada como parcela da PIA que está disponível para o trabalho ou que já está trabalhando. A disponibilidade para o trabalho é captada tanto pela procura efetiva de trabalho nos últimos 30 dias quanto pela procura potencial em até 12 meses anteriores à pesquisa. Estar trabalhando significa, nos moldes da PED, o exercício de qualquer trabalho remunerado ou não remunerado de ajuda em negócio de parentes (trabalho familiar), excetuando-se aqueles trabalhos exercidos em caráter preponderantemente excepcional.

A população desempregada é formada pelas pessoas classificadas nas situações de desemprego aberto, desemprego oculto pelo desalento e oculto pelo trabalho precário. É representada pela parcela da PEA que está sem trabalho ou com um trabalho precário (irregular) e que, por isso, deseja trabalhar ou mudar de atividade, respectivamente. Pessoas nesta situação pressionam o mercado de trabalho por meio da procura efetiva de emprego ou de negócio, ou por procura potencial de trabalho.

Tal como visto acima, a PED desagrega a população desempregada em três tipos de desemprego:

• desemprego aberto: pessoas de 10 anos ou mais que procuraram trabalho de maneira efetiva nos 30 dias anteriores ao da entrevista e não exerceram nenhum trabalho nos últimos 7 dias;

• desemprego oculto pelo desalento (por desestímulo quanto à procura de trabalho): pessoas de 10 anos ou mais sem trabalho, porém com disposição e disponibilidade para trabalhar. Não procuraram emprego nos últimos 30 dias, devido a desestímulos do mercado de trabalho, como dificuldades para ingresso ou reingresso no mercado, mas apresentaram procura efetiva de trabalho nos últimos 12 meses;

• desemprego oculto pelo trabalho precário: inclui as pessoas de 10 anos e mais que, simultaneamente à procura de trabalho nos últimos 30 dias ou em até 12 meses, realizaram trabalhos descontínuos e irregulares, com ganhos avulsos e variáveis, ou realizaram trabalho familiar não remunerado.

Classificam-se como ocupados as pessoas de 10 anos ou mais que: (a) possuem trabalho remunerado exercido regularmente; (b) possuem trabalho remunerado exercido de forma irregular, desde que não estejam procurando trabalho diferente do atual; ou ainda as que (c) possuem trabalho não remunerado de ajuda em negócio de parentes, ou remunerado em espécie/benefício, sem procura de trabalho. Da população de ocupados excluem-se as pessoas que de forma bastante excepcional fizeram algum trabalho nos últimos 7 dias. Como exemplo, os ocupados podem ser assalariados, autônomos, empregadores, empregados domésticos, trabalhadores familiares ou profissionais universitários autônomos.

Fazem parte da população inativa os menores de 10 anos, além da parcela da PIA que: (a) não tem necessidade e nem disponibilidade atual para trabalhar; (b) realizou algum trabalho remunerado ou não remunerado de ajuda em negócio de parentes, sempre que em caráter excepcional, e não procurou trabalho; (c) realizou atividade não remunerada de caráter beneficente, estágio, etc., desde que também não tenha procurado trabalho.

A definição de desemprego não se baseia exclusivamente na combinação simultânea de três critérios importantes - ausência de trabalho, procura e disponibilidade para trabalhar:

• o primeiro critério (ausência de trabalho) foi revisto admitindo que, inexistindo mecanismos amplos de apoio aos desempregados, parte das pessoas nesta situação, para obter algum rendimento, realizariam atividades irregulares e descontínuas, sem perspectiva de duração, enquanto procuram trabalho;

• e a revisão do segundo critério (procura de trabalho) justifica-se pela disponibilidade de alguns desempregados não realizarem, nos trinta dias anteriores à entrevista, procura efetiva por acreditarem não haver oportunidades de trabalho para eles.

Diferenças entre a PME e a PED

Após terem sido mostradas as metodologias da Fundação SEADE e do IBGE acerca das estatísticas do desemprego, faz-se necessário a comparação entre ambas e a contraposição com as recomendações da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

A PIA abrangida pela Fundação SEADE é mais ampla do que a captada pelo IBGE, visto que o corte inferior para este dá-se aos 15 anos, e para aquela, aos 10 anos. Desta forma, a Fundação SEADE incorpora à PIA crianças de 10 a 14 anos, segmento com idade inferior à legalmente estipulada como mínima para trabalhar no país. A inclusão deste segmento decorre da consideração que a presença dessa parcela populacional no mercado de trabalho é resultado da própria realidade social do país.

Em relação à PEA, de acordo com o IBGE, a disponibilidade para o trabalho está diretamente associada à pressão ativa sobre o mercado de trabalho por quem não exerceu nenhum tipo de trabalho, mas procurou emprego nos últimos sete dias. A Fundação SEADE capta esta mesma realidade, porém expande o período de referência para 30 dias e mensura, paralelamente, a disponibilidade não expressa no mercado devido aos desestímulos conjunturais. Quanto ao conceito de trabalho, o IBGE define a inexistência de trabalho como trabalho não remunerado, com jornada semanal inferior a 15 horas, seguindo parcialmente as recomendações da OIT, que na 14a Conferência de 1987 enfatizou que os dados de ocupação deveriam ser classificados por horas de trabalho, diferindo apenas na jornada recomendada para caracterizar a existência ou não de trabalho de pelo menos uma hora na semana. A Fundação SEADE não considera o corte horário, mas aqueles casos de trabalho de execução extremamente eventual devido ao caráter excepcional da sua realização. Desta forma, sua definição de trabalho prescinde de limites temporais mínimos para o jornada semanal, tomando como critério a noção de continuidade e regularidade do exercício do trabalho, considerando serem estas características fundamentais para qualificar uma relação de trabalho.

Ao especificar a população desempregada, o IBGE assume o corte clássico dos países desenvolvidos, caracterizados pela expressiva homogeneidade do mercado de trabalho, ao isolar dos demais os que não têm trabalho e que procuraram nos últimos 7 dias. Todos esses, à exceção dos inativos, são considerados ocupados, isto é, segue a definição de desocupado da OIT. O conceito desenvolvido pelo SEADE procura abranger determinadas situações inexistentes em mercados de trabalho bem organizados. A ampliação de sete para trinta dias do período de referência para a procura justifica-se, segundo a Fundação, pelas interrupções que podem ocorrer nas tentativas individuais de obter novo posto de trabalho, por espera de resposta para uma busca anterior de trabalho, doença ou falta de recursos. A procura no período de trinta dias também é utilizada pelos Estados Unidos, Alemanha, França, Itália, entre outros. No México e Chile, adota-se dois meses e, na Costa Rica, cinco semanas como período de referência. Sendo de 30 dias o período de referência, todos aqueles que estão procurando trabalho ou cujas atividades profissionais são caracterizadas pela extrema irregularidade ou pela eventualidade, assim como os que executam trabalho não remunerado familiar, são considerados desempregados.

O conceito de desemprego aberto do IBGE é mais restrito não só pelo menor período de referência quanto à procura efetiva de trabalho, mas também pela idade mínima considerada. No questionário, o IBGE considera a procura no período de 30 dias, mas não utiliza esta informação. O próprio instituto admite que a taxa de desemprego aberto isoladamente é insuficiente para a avaliação do comportamento do mercado de trabalho, devido às características peculiares de cada país ou região. Quanto mais informais as relações de trabalho, menos sensível é a taxa de desemprego aberto à retração da atividade econômica, pois as pessoas ocupam-se precariamente para garantir a sua subsistência, como vendedores ambulantes, prestadores de serviços diversos, etc. Assim, não contribuem para a elevação da taxa de desemprego aberto. Nos países desenvolvidos, ao contrário, onde as relações de trabalho são predominantemente formais, aqueles que perdem seus empregos lançam-se no mercado, procurando trabalho em condições semelhantes às de seus postos anteriores.

As situações do desemprego oculto pelo desalento e oculto pelo trabalho precário não são captadas pelo IBGE. Na primeira situação, segundo o instituto, as pessoas nesta condição são consideradas inativas, já que não têm trabalho e não procuraram por algum nos últimos 7 dias, seguindo a medida de flexibilização do critério de procura de trabalho, da OIT, já que o mercado de trabalho no Brasil apresenta pouca organização. Na segunda, tais indivíduos são considerados ocupados, apesar de estarem procurando trabalho e da precariedade da sua ocupação.

Para o IBGE, o exercício de qualquer trabalho remunerado, por mais esporádico e irregular que seja, é considerado suficiente para classificar o indivíduo como integrante da população ocupada. Segundo o SEADE, o trabalho regular, a priori, já configura uma situação de emprego ou de ocupação, constituindo, portanto, parcela componente da população ocupada. O trabalho irregular (precário ou 'bico'), no entanto, é pesquisado relacionando-o com a procura de trabalho. Será considerado ocupado todo aquele que, apesar do caráter irregular do seu trabalho, não tenha procurado outro emprego ou ocupação. Caso contrário, fará parte do estoque de desempregados que têm sobrevivido à custa de 'bicos'.

Cabe aqui ressaltar um detalhe: a OIT recomenda que se dê precedência sempre à ocupação, e isso é seguido à risca pelo IBGE, tanto que a primeira pergunta do questionário da PME é sobre o que a pessoa fez na semana de referência, enquanto a pesquisa das fundações SEADE-DIEESE inicia perguntando se a pessoa procurou trabalho nos últimos 30 dias.

Parte da população classificada como inativa pela pesquisa do SEADE, devido à extrema inconstância e à ausência de previsão para a realização de algum trabalho (acontecimentos eventuais), é considerada como ocupada pelo IBGE. A PED retira do contingente de inativos parcela que classifica como desempregados desestimulados ou desalentados, em face da dificuldade para ingresso ou reingresso no mercado de trabalho. O tempo de procura considerado para estes casos é de 12 meses. O IBGE, ao restringir o período de procura de trabalho para 7 dias, considera como inativa esta parcela da população que, de acordo com o SEADE, é constituída de desempregados.
PIB ou PNB?

Uma das confusões em torno do PIB é a que mistura taxas trimestrais de crescimento, divulgadas periódicamente pelo IBGE com taxas anuais. A taxa trimestral mede o crescimento do PIB numtrimestre em relação ao trimestre anterior e se constitui na ma medida mais proximada develocidade corrente de crescimento do PIB. Essa taxa é anualizada, ou seja, indica o quanto o PIB cresceria no ano todo se sua velocidade de expansão continuasse a mesma. Para se evitar confusões no tratamento das variações do PIB deve-se sempre tomar a base inicial da medida como 100, e aplicar sobre ela os índices de crescimento divulgados. Isso permite visualizar corretamente o fenômeno em curso. Outra confusões se dá entre os conceitos de Produto Interno Bruto -PIB e Produto Nacional Bruto-PNB. Nos Estados Unidos, o conceito preferido é o de PNB, e por isso êle aparece nos principais livros de macroeconomia. Na Grã Bretanha e no Brasil , é mais usado o PIB. Qual a diferença entre os dois conceitos? O PIB é o valor de toda a produção de bens e serviços ocorrida dentro das fronteiras do país, sem considerar a nacionalidade dos que se apropriaram dessas rendas, sem descontar rendas eventualmente enviadas ao exterior e sem considerar asrecebidas do exterior, daí o qualificativo de "interno." O PNB considera as rendas recebidas doexterior por nacionais do país e desconta as que foram apropriadas por nacionais de outros países,daí o qualificativo "nacional." No caso do Brasil, o PNB é menor do que o PIB porque uma parcela da ordem de 3 por cento doPIB brasileiro não é usufruída por brasileiros e sim enviada ao exterior na forma de lucros,dividendos e juros do capital estrangeiro. Assim, a renda interna bruta é de fato menor do que PIB. Nos Estados Unidos, ao contrário, o PNB é maior do que PIB porque as rendas obtidas pelas empresas americanas no exterior e enviadas aos Estados Unidos na na forma de remessa delucros e dividendos, são consideradas parte do PNB americano. Portanto: O PIB, descontado dessa renda enviada ao exterior, ou somado à renda recebida do exterior é chamado PNB. O conceito de PNB, por esse motivo, está mais próximo ao conceito de Renda Nacional. O Produto Nacional Bruto, descontadas as perdas por depreciação, é exatamente igual à Renda Nacional Líquida. Assim:
PIB - Renda enviada ao exterior + Renda recebida do exterior = PNB - Depreciação = Produto Nacional Líquido = Renda Nacional Liquida. Renda Nacional Líquida/População = renda per capita.
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Todo país, seja subdesenvolvido ou desenvolvido, possui uma população economicamente ativa, essa parcela do contingente populacional representa todas as pessoas que trabalham ou que estão procurando emprego, são essas que produzem para o país e que integram o sistema produtivo. A população de idade ativa é dividia em: população economicamente ativa e não-economicamente ativa ou mesmo inativa. No caso especifico do Brasil, a população ativa soma aproximadamente 79 milhões de pessoas ou 46,7%, índice muito baixo, uma vez que o restante da população, cerca de 53,3%, fica à mercê do sustento dos economicamente ativos. Em diversos países o índice é superior, aproximadamente 75% atuam no setor produtivo. No Brasil, oshomens representam 58% e asmulheres 42% daqueles que desenvolvem atividades em distintos setores da economia. Atualmente, o Brasil vem atravessando muitas evoluções nos diversos setores da economia. A partir da década de 40, quando teve início de forma tardia o processo de industrialização, houve um acelerado crescimento urbano provocado pela mecanização do campo, fato que ocasionou a perda de postos de trabalho nesse setor, promovendo um enorme fluxo de trabalhadores para os centros urbanos, dando origem ao fenômeno conhecido como êxodo rural. Todo esse fluxo desencadeou uma diminuição de trabalhadores inseridos no setor primário. O setor secundário, por outro lado, teve um grande crescimento devido os fatores anteriormente citados, essa crescente perdurou até os anos 80, logo apresentou uma queda proveniente das crises econômicas que assolou o país nesse período, a modernização desse setor retira muitos postos de trabalho. O setor terciário brasileiro é o que mais cresce recentemente, as causas desse aumento são a urbanização do país e as necessidades das grandes cidades que impulsionam o mercado de prestação de serviços. Esse setor tem oferecido muitas oportunidades de trabalho, desde mão-de-obra especializada até de baixa qualificação. Mundo Educação »Geo grafia » Geografia humana do Brasil » População economicamente ativa do Brasil Em demografia, por taxa de natalidade deve entender-se o número de crianças que nascem anualmente por cada mil habitantes, numa determinada área. Atualmente, o quese verifica é uma queda global dos índices de natalidade. Dado que a fertilidade feminina ou masculina (ou de um casal) não é o único factor que determina o umento/diminuição desta taxa, deve-se ter em conta uma série de outros fatores que estão relacionados com esse aumento/diminuição: sociais, fisiológicos e outros. Deste modo, a taxa de natalidade nos países desenvolvidos é, em geral, mais baixa (devido ao conhecimento de métodos contraceptivos, melhores condições médicase econômicas), enquanto que nos países em desenvolvimento a taxa de natalidade é, emgeral, superior face ao desconhecimento ou não-divulgação de métodos contraceptivos e à tendência para seguir tradições familiares e religiosas.
_____________________Taxa de natalidade: corresponde a relação entre o número de nascimentos ocorridos emum ano e a população absoluta, o resultado em geral é expresso por mil. A natalidade é ligada a vários fatores como por exemplo qualidade de vida da
população, ou ao fato de ser uma população rural ou urbana. As taxas de natalidade no Brasil caíram muito nos últimos anos, isso se deve em especial ao processo de urbanização que gerou transformações de ordem sócio-econômicas e culturais na população brasileira.
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Taxa de mortalidade: corresponde a relação entre o número de óbitos ocorridos em um ano e a população absoluta, o resultado é expresso por mil. Assim como a natalidade, a mortalidade está ligada em especial a qualidade de vida da